sábado, 18 de junho de 2011

Germaine VIII

Wraaaaaap! E rasgava mais uma fina e encardida folha de papel embebida em whisky e fumo de cigarro.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Germaine VII

Os Jogos Olímpicos chegaram e Gérard fora destacado para Berlim de forma a dar cobertura ao evento para o jornal. O frenesim era constante e a expectativa maior ainda. O regime estava de olhos postos no acontecimento e o mundo também. Gérard ficara com a tarefa de seguir a comitiva alemã e as suas estrelas que a euforia patriótica transformava no centro das atenções. Conhecera pessoalmente alguns, inclusive Karl, atleta apreciado e louvado pela Nação e que dava cara à propaganda do regime. Era um alemão, alto, loiro e de olhos claros, de fisionomia semelhante a um deus grego, candidato a várias medalhas. Aproximaram-se, natural e instintivamente, e a empatia, embora discreta, era efectivamente mútua. Karl cortejava-o subtil e cuidadosamente. Oferecia-lhe carinho e condescendência, com algumas quase imperceptíveis investidas, inexistentes aos olhos comuns, num jogo de misticismo e sedução. E Gérard acompanhava-o. A coerência da conversa perdia-se dando lugar à dilatação de veias e explosões de adrenalina. Os olhos, desligados do diálogo de aparência, confirmavam a implícita troca de subentendidos. Num ímpeto, impensado, o atleta provou-lhe os lábios, delirante, com fervor e paixão. E Gérard correspondia-o. Nunca o fizera antes, pelo menos com um homem, e surpreendentemente não o sentiu como insignificante ou frívolo. Deixara-se levar naquela dança de descoberta. E sentiu-se incontestavelmente completo.

Karl não adormecera. O delírio não lhe permitira. Deixara-se ficar estático a admirar as formas do companheiro descansando a seu lado, aninhado entre a colcha e almofadas. Esticou um dedo e percorreu a linha das suas costas, tocando-lhe levemente, sentindo-lhe a pele. Gérard acordou. Sentiu os lençóis enrolados nos pés e olhou para o lado. O alemão, nu, sorria-lhe amavelmente. Beijou-o e deixou o seu corpo encaixar-se no dele. Admirava-o. Com as mãos. Com os olhos. Com a língua. Com o corpo. E a alma. Numa entrega mútua louvando aquela injuriosa fusão num qualquer quarto esquecido em Berlim.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Germaine VI

Baviera. Ali a Natureza tinha o seu próprio cunho e espaço para se impor e seduzir. O verde magnetizante encontrava-se de braços dados com a história, de castelos, monumentos e pequenos vestígios celtas, romanos e gauleses guardados entre vales e rochedos, com a metrópole ao centro que não deixava esconder o exuberante progresso da civilização. Tudo enquadrado numa especial composição que conferia uma peculiar singularidade àquela província. Viveram ali inicialmente sem acesso a invejáveis condições. Germaine encontrou alguma estabilidade em empregos entre fábricas e cafés para alugar uma casinha na periferia e Gérard, com o seu ordenado de fotógrafo, jornalista, redactor e escravo de um jornal, remodelava-a gradualmente e abastecia a dispensa. Não tinham acesso a luxos, mordomias, ou pequenas extravagâncias de tempos a tempos. Nem as queriam. Contentavam-se com passeios ao domingo entre idas ao parque ou o mercado nos subúrbios onde lembravam o camponês. Felizes.

Acordou de madrugada obrigada pela ansiedade. Sentou-se no lavatório de porcelana e fechou os olhos. Imaginava Willelm enquanto deixava deslizar a mão pela cintura. As coxas abriam-se criando caminho aos dedos que começavam, gradualmente, a ganhar algum movimento. De início suavemente, tocando ao de leve apenas nos lábios, aumentando depois o ritmo e a pressão. Encostou a cabeça à parede, onde lhe escorriam gotas de suor e onde a respiração ficava cada vez mais forte e audível. Gemia no final, sem vergonha nem preconceitos, saindo depois da casa de banho. Leve. Seguiu para a cozinha. Acendeu velas, preparou café, fez pão, panquecas, chá e tomou o pequeno-almoço. Tinham passado oito anos desde que chegara à Alemanha. Vestiu-se meticulosamente e saiu de casa. Ao chegar à estação duas horas depois, sentou-se, na plataforma dois, ansiosamente à espera. O ensurdecedor ruído e chiar do comboio a chegar à paragem fez a viúva rejubilar. As portas abriram-se e a multidão em segundos invadiu a estação. Destacava-se, ao fundo o camponês, um homem sem malas, de aparência rude, vestindo apenas trapos gastos. Germaine começa a correr e abraça-o. Sente as mãos ganharem vida própria e a palmilharem-lhe o corpo analisando-o como se de um diagnóstico se tratasse. Percorreu-lhe a cara com os lábios, trémulos, e os seus olhares, penetrantes e vibrantes, pararam na cara um do outro. Tal como o tempo.

Jantavam. Enquanto servia vinho, Gérard levantou-se.Ergueu o seu copo e disse alegremente - Encontrei uma casa. Fica perto da redacção. Não muito longe daqui. É perfeita para mim e para as minhas economias. Chegou a hora de vos dar espaço e conquistar o meu.
E brindaram. Germaine aprontou-se a saudá-lo. Willelm limitou-se a sorrir. Não falara desde o início de refeição. Nem mesmo quando a sua companheira e Gérard partilhavam alegremente as suas quotidianas novidades. Permanecia mudo. Não tinha coragem de corromper aquela melodia. Ouvia, secreta e graciosamente, o tilintar do metal dos talheres na porcelana dos pratos, e o som do vinho a cair e lamber o interior dos copos. Aquela orquestra de conforto e calor estimulavam a sua mais genuína euforia. E o seu silêncio traduzia-se na sua sincera forma de gratidão.

domingo, 3 de abril de 2011

Germaine V

Estavam na cabana sentados a um canto à luz do candeeiro a petróleo. Willelm mostrava a sua pequena colecção de fotografias. Eram velhas e debotadas mas traduziam-se no seu pequeno tesouro. Tinha ali registada a sua vida. Mostrava uma onde, ainda pequeno, estava com os seus pais e avós no casamento de uma tia, outra de uma carroça na praça onde ajudava frequentemente o seu pai a vender produtos, uma terceira onde se via uma mala de cabedal, que levava habitualmente para a escola, encostada a uma árvore enquanto organizava um rebanho e, por fim, uma quarta fotografia onde se via uma paisagem que entusiasticamente mostrou como tendo sido a sua primeira grande colheita. Willelm descrevia-as terna e detalhadamente. Germaine e Gérard olhavam para aqueles pequenos fragmentos de memórias imaginando com compaixão as histórias que o camponês orgulhosamente exibia. – Sabes Gérard, tenho em casa a tua caixinha. – Disse-lhe repentinamente Germaine. – Não queres vê-la?
Era um pequeno baú onde tinha, ao longo do tempo, juntado pedaços da vida do filho. Guardara um caderninho rabiscado, um carrinho de arames, uma borboleta seca dentro de um frasco, dentes, folhas e vestígios de uma criança normal que se fascinava com os mais ínfimos detalhes que a infância lhe oferecera.
Agarraram na toalha e restos do banquete que tinham deixado estiraçados na mesa e saíram, do modesto casebre do camponês, caminhando até à aldeia. Ao chegarem pouco restava. Apenas as suas caras incrédulas escondendo o desespero enquanto olhavam para as labaredas que se alimentavam da casa e iam crescendo rápida e assustadoramente. Destruíram cada manifestação de existência que a viúva cuidadosamente criara. Os barrotes caiam e o estrondo submerso em fagulhas temperava cruelmente aquele inferno. Uma mancha de tinta na parede, antes inexistente, ardia e deixava marcada a negro uma frase: O poder do feitiço é irónico, não, bruxa? E o fogo sentenciava agora o que outrora celebrara,cúmplice tanto na lareira como no pequeno candeeiro a petróleo, engolindo furiosamente a cómoda casa de Germaine. Eles apavorados, deixaram-se cair pelo chão e esperaram que o pesadelo terminasse. Acordaram, na manhã seguinte na rua com as caras aconchegadas pelas pedras do chão, tapados pela toalha, com ruínas de carvão e cinzas à frente. Estavam cercados por metade da população da aldeia que se aprontou a analisar e especular o sucedido e simular um falso ar pesaroso. Germaine limitou-se a tentar recuperar em vão alguns objectos sobreviventes ao incêndio e a sair dali com burburinho e olhares intrigados atrás.

– Vou voltar para a Baviera. Não suporto mais a podridão desta gente – confessou enojada e indignada aos dois. – Não espero que me acompanhem, ou mesmo me apoiem, mas adoraria tê-los comigo. Não me sinto capaz de continuar a viver aqui. – Terminou em soluços e choro. – Como planeias ir? – pergunta Gérard à porta da cabana pronto a segui-la. – Não sei. Vamos andando e descobrindo. Parando por aqui e ali até chegar à cidade e apanhar um comboio. Rapidamente o camponês se apronta a intervir – Fora de questão! Não me posso mudar já convosco, ainda há muito a prender-me aqui. Vou vender os campos e a cabana para juntar dinheiro e poder comprar uma boa casa na Alemanha para nós. Vamos ficar bem. Mas por enquanto não posso. Até lá ainda têm uma longa viagem até à cidade comigo. – e acalma-os com um beijo. Sai depois para ir preparar a carroça e enchê-la com alguns mantimentos. – Bem, estão prontos? – pergunta-lhes tempos depois. Eles arrastando mantas e agasalhos sobem para o tosco transporte num estéril entusiasmo. E seguiram. Seguiram, lentamente, deixando a aldeia apagar-se ao longe. Calados. Ouvindo apenas o toc-toc dos cascos, a respiração do burro, o chiar das rodas e o remexer das plantas com a brisa que anunciava o anoitecer. Cansados.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Germaine IV

Chama-se Gérard Bordeaux. Nasceu em Bourgogne a 1892 mas mudara-se um ano depois para a Baviera com os pais devido à Grande Depressão que assolava a Europa. Com o eclodir da primeira Grande Guerra fora destacado, juntamente com o pai, para os campos de batalha polacos. No entanto um acidente de comboio 2 anos depois, nos Cárpatos, teria morto os dois Bordeaux, deixando Audele, sua mãe, sozinha na Alemanha. Audele voltara mais tarde para França para a terra onde nascera mas que nunca chegara a conhecer, a pequena aldeia onde ainda hoje mora.

Estavam sentados na cozinha, os três, debicando café. O camponês, confuso, tentava perceber em vão o que por ali se passava, Germaine estupefacta, lacrimejava enquanto ouvia Gérard a explicar a sua fatídica história, que por sua vez tentava combater o cansaço com as doses de cafeína que acompanhavam a sua conversa. Começou por contar que se aproveitara do acidente e consequente incêndio para o julgarem morto e poder fugir ao exército, deixando os restos carbonizados do pai para trás. Escondera-se por um mês nas montanhas e começou depois a caminhar em direcção a Itália onde se refugiou numa fábrica de armamento pago a refeições. O fungar de Germaine interrompeu-o e a sua cara de terror, de quem ainda tentava assimilar a dolorosa morte do ex marido e a precariedade a que o filho fora sujeito, obrigaram-no a terminar por ali a descrição. – Entretanto fugi de Itália e decidi voltar a França. Supus que te encontraria por aqui. Nada é mais reconfortante que a nossa casa, não achas? - E consolou-a com um sorriso. O camponês, até então mudo, decide intervir. Estende-lhe uma fatia de queijo e diz – Sou o Willelm Dubois. É de vaca. Fui eu que o produzi. É o melhor de toda a região. Gérard acena-lhe levemente com a cabeça e prova-o. – É óptimo Monsieur Dubois . Sou o Gérard. Fico feliz por saber que a minha mãe não tem estado sozinha. E Germaine sorri-lhe, ainda com os olhos arranhados e a cara encharcada, agradecendo. Agradecendo o consentimento do filho. Agradecendo-lhe a sua presença, ali, finalmente ao pé de si, vivo.

Saíram de casa para caminhar pela aldeia, e deixar o sol celebrar aquele dia, até mergulharem pelo campo que a abraçava. Pararam na cruz de ramos de nogueira que Germaine construira, aconchegada entre duas magnólias, e que decorava regularmente. – Como conseguiste o corpo do pai? – perguntou Gérard. – Não consegui – respondeu-lhe com um leve sorriso Germaine, enquanto o camponês lhe beijava a testa. E Ali se sentaram os três, num pic-nic, com a seara ao lado e a cabana de Willelm logo depois. – Espero que ninguém nos veja aqui, a comer no meio do chão ao lado do memorial, neste ritual, hereges! – exclama sarcasticamente Germaine, rindo como há muito não ria. Tal como o camponês. Acompanhados pelas calorosas gargalhadas de Gérard que depositava no túmulo uma folha gasta e já amarelada onde se lia "Il n'avait pas de gîte, pas de pain, pas de feu, pas d'amour ; mais il était joyeux parce qu'il était libre" frase que o definira e lera no primeiro livro que o pai lhe oferecera, Les Misérables.

sábado, 26 de março de 2011

Germaine III

Acabara o galo de cantar e alguém batera à porta. Muito engelhado o camponês abre-a e o rosto de Germaine surge cobrindo os raios matinais. Agarra-lhe na mão e puxa-o – Vem comigo. E condu-lo, entre a seara e os caminhos de terra, até à aldeia. Entram na pâtisserie e sentam-se. Os olhares intrigados cobrem a pequena mesa encostada à janelita decorada com bules de porcelana e bolinhos quentes onde o estranho casal se sentava. Ela com a mão pousada na dele sorrindo e conversando enquanto ele lhe acenava conforme ia corando. Que vergonha! Na hora seguinte a indignação popular, com a afronta a que aqueles fregueses tinham sido alvo pouco antes, já tinha inundado cafés, praça, cabeleireiro e lançou o burburinho constante na sagrada missa de domingo. A pobre coitada da viúva demonstrava-se afinal uma representação fiel do anti-cristo. E o camponês, esse, coitado…nunca fora nada. Transformara-se apenas num alvo fácil para servir de marionette àquela velhota estranha. E num instante detalhes e descrições foram surgindo sobre aquela “bruxa” que nunca ninguém soube de onde vinha. O que ajudava a dar um fulgor e fascínio únicos ao desenvolvimento daquele rol. Tanta criatividade e energia escondidas numa só aldeia. E por aquele vilarejo passaram o dia, passeando de um lado para o outro, saboreando a companhia um do outro ignorando a admiração e contestação dos restantes. Terminaram em casa de Germaine. Era pequena, mas iluminada e acolhedora. Sentaram-se em frente à lareira a beber chocolate quente, apreciando-se mutuamente à luz das chamas. Brindavam o desconhecimento. O desconhecimento que aqueles demais nunca ultrapassariam. Nem poderiam. Eram todos programados à nascença para encobrirem de uma miserável felicidade o infortúnio dos outros. Pobres ignorantes. Sem fugas pelo campo ao som do mugir de vacas, ou trocas de olhares escondidos, ou o prazer carnal tomado com naturalidade e ausência de sentimento de culpa, celebrados no final a chocolate quente à luz da lareira. E ali, pelo chão, adormeceram enroscados no tapete em frente às brasas.

Na manhã seguinte a campainha tocou. E o camponês abriu a porta, respondendo à indignação geral, com o sorriso mais genuíno alguma vez visto. No entanto não se apresentara nenhuma cara que este reconhecesse. Era um jovem, vestindo uniforme, cheio de malas, com cara de quem não via comida nem banho há meses. Perguntou surpreendido num sotaque italiano – Bom dia, é esta a casa de Audele Bordeaux? Ela está?
Ao cimo das escadas Germaine petrificara. E durante os segundos seguintes não reagiu. Apenas lágrimas escorrendo-lhe avidamente pelo rosto enquanto admirava cada centímetro do desconhecido à porta. Começa a correr pelas escadas abaixo, como que em desespero, e abraça-o com toda a energia que tinha. Ele retribui o abraço com a mesma vivacidade, enquanto os olhos quase lhe saltam das órbitas e sorri. Tenta falar mas não consegue. Tem um nó na garganta que apenas lhe deixa escapar, acompanhado a lágrimas, um balbucio – Mãe!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Germaine II

E hoje levantou-se rápida e energicamente. Era dia de feira. Saira à rua com uma nova vontade, mas escondendo-a habilmente com uma cara entristecida de quem lamentava o marido. E lamentava-o. Percorria a rua à pressa vigiada pelos olhares de pena até chegar à praça central da aldeia, onde os sinos tocavam e brindavam as bancas coloridas que se iam encavalitando por ali, onde as crianças brincavam, as senhoras cumprimentavam e os senhores negociavam. A folia da aldeia era guardada cuidadosamente durante a semana para ser espalhada no sábado em que o mercado ali se instalava. E entre o esgravatar das bancas e tendas, onde Germaine fazia questão de gastar algum tempo de forma a dar mais credibilidade ao seu papel de viúva desgraçada, o seu olhar era subtilmente desviado para o pequeno balcão. De meia dúzia de farripas de madeira que se enchia de cereais e pequenos produtos agrícolas empilhados por ali cima. E o olhar era ansiosamente correspondido. Ali praticavam a telepatia pública enquanto os demais se divertiam nas conversas habituais. Elas sobre as triviais aventuras que viveram, eles sobre as legislações económicas.
Até que o entardecer despedisse os habitantes das ruas e deixasse a praça vaga, reservada apenas a Germaine, ao camponês, e à brisa que enchia o ar e agitava a seara lá ao longe. Onde se sentaram, vendo o sol morrer e a palidez da lua nascer para fugirem. Escondendo-se entre arbustos e pedras que os levavam até à recôndita cabana acompanhados pelo tilintar de chocalhos e o mugir das vacas. Onde voltavam a perder a vergonha que obrigatoriamente simulavam, iluminados pelo pequeno e gasto candeeiro a petróleo e o cheiro a funcho. Abraçados pela natureza que eles ali excitadamente celebravam. Longa e entusiasticamente. Até o galo cantar e o camponês se levantar a caminho da seara que o esperava. Ela deixava-se ficar sempre na cama por mais uns momentos, apreciando a revolta de lençóis criada com a agitada noite e o cheiro do corpo do companheiro impregnado nos velhos panos. Levantava-se depois, jovem, e saía pelo campo para procurar frutos para comer por ali e colher as flores mais vibrantes e virtuosas que encontrava. Que mais tarde deixava junto do defunto marido no seu pequeno ritual; Onde o sorria com saudade...