domingo, 29 de novembro de 2009

Família

Uma família que fui obrigado a criar, não de 2 ou 3 elementos mas de vários, tantos que não é possível contar pelos dedos e que ia crescendo com o passar do tempo. Elemendos que transformavam um jantar em mais que uma simples refeição. Que transformavam um dia em mais que uma rotina. Que me obrigavam a viver intensamente cada dia, cada minuto. Que me deram tudo e não esperaram nada em troca. Colegas com quem partilhei tudo, desde banalidades a algo mais extraordinário e complexo: momentos, histórias que do nada terminaram. Não deveriam, mas terminaram.
Agora tudo se repete. Começar, novamente, uma vida do nada, abandonado ao desconhecido, onde nada passa de estranho, mas que se vai tornando, a pouco e pouco, na minha mais recente família. Não menos importante, apenas diferente...saudades

sábado, 28 de novembro de 2009

Walking

Acordo, como, lavo dentes e corro porque estou atrasado.
Caminho frenética e automaticamente em direcção a qualquer coisa que perceberei quando o cérebro acordar, rodeado pelo nevoeiro matinal que não deixa ver o sol e dificulta a odisseia de conseguir manter os olhos abertos. Caminho, mais uma vez, rodeado por pessoas entulhadas em estradas ouvindo atenciosamente mais um programa qualquer de rádio, tentando,ridiculamente, entrar em contacto com o mundo isoladas num monte de lata tecnológica ambulante, nos seus dias dejá vu, ignorando tudo o resto. Acendo um cigarro e continuo a percorrer o trilho que tende a não terminar. Olho agora para a Natureza, ali, à minha frente, que as estradas, indústria e homem ainda não conseguiram apagar. Uma tela de tons verde, vigorosos, brindada com vida. E ali paro, sento-me, acordo, e apercebo-me que sou apenas mais um que vive uma rotina previamente planeada, sem espaço para mais nada que não inclua a decadência diária. Apercebo-me que sou apenas mais um ser igual a todos aqueles por quem me cruzei. Apercebo-me que perdi com o tempo a identidade. Sou apenas ninguém...

Cansaço

Cansado de estupidez,
Cansaço este profundo,
Cansado de mesquinhez,
Cansado do mundo.

Farto da gente,
E de toda a sociedade,
Preciso de um lugar diferente,
Quero uma nova realidade.

Fugir um dia,
Para qualquer lugar distante,
Procurar uma utopia,
E viver radiante

Childhood...

Era apenas mais uma música, um ícone da piroseira descartável impingida meticulosamente à mais alta escala pelos Estados Unidos na década de 90, mas ainda assim uma música. Mais que isso, até, motor de nostalgias de tempos de ingenuidade e plena felicidade quase constante. Deliciosas recordações de uma época em que uma mera brincadeira num intervalo de 10 minutos eram aventuras inacreditáveis.

Quotidianos passados que se transformaram na utopia do presente, envolta em fumo de cigarro e cheiro a café quando a azáfama, correria e stress diários ainda deixam respirar

Puzzle

Encontro-me rodeado de gente, pessoas que vão tecendo o meu dia-a-dia com pequenos momentos, barulho e gargalhadas...peças de um puzzle que não passam de uma realidade ilusória. Peças indispensáveis a uma sobrevivência quase decadente que se transformaram na minha própria religião

Loneliness

Deambulam em mim
pequenos fragmentos
algures perdidos. Enfim,
estúpidos sentimentos.

Angustiante desilusão
do que fui ou sou,
pútrida solidão
que em mim imperou.