sábado, 28 de novembro de 2009

Walking

Acordo, como, lavo dentes e corro porque estou atrasado.
Caminho frenética e automaticamente em direcção a qualquer coisa que perceberei quando o cérebro acordar, rodeado pelo nevoeiro matinal que não deixa ver o sol e dificulta a odisseia de conseguir manter os olhos abertos. Caminho, mais uma vez, rodeado por pessoas entulhadas em estradas ouvindo atenciosamente mais um programa qualquer de rádio, tentando,ridiculamente, entrar em contacto com o mundo isoladas num monte de lata tecnológica ambulante, nos seus dias dejá vu, ignorando tudo o resto. Acendo um cigarro e continuo a percorrer o trilho que tende a não terminar. Olho agora para a Natureza, ali, à minha frente, que as estradas, indústria e homem ainda não conseguiram apagar. Uma tela de tons verde, vigorosos, brindada com vida. E ali paro, sento-me, acordo, e apercebo-me que sou apenas mais um que vive uma rotina previamente planeada, sem espaço para mais nada que não inclua a decadência diária. Apercebo-me que sou apenas mais um ser igual a todos aqueles por quem me cruzei. Apercebo-me que perdi com o tempo a identidade. Sou apenas ninguém...

2 comentários:

  1. no fim, apercebes-te que estás sozinho, que a companhia é ilusória e que nada do que fizeste até ao momento tem lógica no teu verdadeiro ser. a vida, no presente, é a rotina.
    é só gente rotineira à tua volta.
    e só queres fugir.
    mas mesmo assim... sorris... na esperança de um mundo melhor. de um mundo só teu. concebido pelo teu imaginário. um ideal perfeito.

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  2. De todos os passos do mundo, o mais difícil para os amantes da identidade do tempo, é o entrar na maquina do mundo.
    Saber que marchamos todos ao mesmo ritmo e com o mesmo propósito, torna-nos conscientes do futuro. O futuro definido, essa liberdade furtada.

    Há sempre um pouco de nos que morre.

    Tudo é ilusão, e o sentido, é o que tu queres que ele seja.
    Essa realidade, ninguém ta tira.

    Bem-vindo! Adorei o cunho.

    ;)

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