quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Glass

Nada mais somos que um pedaço frio e transparente de vidro ao nascer. Que um fragmento onde não existe lugar para engodos nem ilusões. Puramente transparentes. Unicamente pequenos volumes sem impacto ocupando o seu quê de espaço. Encarando o mundo numa imaculada pureza incolor corrompida por uma grotesca, constante e injusta agressividade. Esculpidos por riscos e coleccionando sujidade, destruindo gradualmente a poética limpidez da nossa formação. Meramente condenados a uma frágil e ténue coesão transformável, em segundos, em estilhaços. Demasiados estilhaços, perdidos aqui e ali. Milimétricos, aguçados, cruéis e quase invisíveis estilhaços soltos ao acaso.

Estilhaços coláveis...peça a peça, a fita-cola tecendo uma nova superfície como se de um puzzle se tratasse. Uma nova abordagem, uma nova versão. Uma versão apenas nossa. Sem revivalismos genéticos. Uma forma com a sua própria plasticidade e dimensão. Com as aplicações que preferir-mos. Apenas conduzido a ímpetos de imaginação. Rechear tudo de cor e texturas. Criar pinturas ou formar esculturas. Sem imposições nem formalidades. Pura rendição à arte...

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