terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pieces

Sinto-te a esgravatar a porta e a tentar olhar intensa e desnecessariamente para o interior. Quase sinto o teu respirar quente, húmido e ofegante.

Irracionalmente aproximo-me. Toco levemente, do interior, no mesmo bloco de madeira já gasta que nos separa. Espalmo agora a cara contra a porta tentando absorver o máximo de informação. Oiço folhas a balancearem com o vento e talvez pássaros chilreando ao longe. Mordo o lábio e sinto o sangue a correr. tremo e tu reages.
O tilintar da campainha rasga esta ténue comunicação ligando-me brutalmente à realidade. Ajeito, a medo, a voz e num ar mecanicamente jovial pergunto: Quem és tu? O tempo limita-se a ficar suspenso no ar. Impaciente por esperas e cordialidades, abro a porta e sou encandeado por um tiro de luz. A pouco e pouco vai-se pintando uma pequena imagem à minha frente. Primeiro uns olhos grandes e reluzentes mais próximos de mim que o que esperava. Segue-se um sorriso gigante de orelha a orelha e por fim uns finos cabelos dançando vagarosamente.

Respondes timidamente: Não sei! E limito-me a devolver-te o sorriso

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