sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Stuck

Acorda, e sente o corpo caído no suspenso. Uma gélida resistência de metal agarrando-lhe com afinco pés e pulsos fá-lo recordar a realidade. A realidade que o fechou num espaço hermético e artificial onde o único sinal de vida que resiste é a sua própria respiração. Ofegante, repentina e cada vez mais intensa alimentada a pânico. Apenas lhe resta tentar lutar. E luta. Luta entusiasticamente, tentando-se desprender com a vida destas algemas cruéis que lhe aprisionam o corpo. E a alma. Esforça-se cada vez mais. As veias dilatam até rebentarem a pele, e escorrem-lhe pingas de suor realçando-as, gradualmente, ainda mais. O cabelo acompanha-o, irónica e suavemente como se de uma dança se tratasse. O fulgor com que explodem bolsas de ar quente e húmido dos seus pulmões vão registando o desespero, compassando o tempo que tende em não passar. Luta com motivo e continua a lutar quando este se esgota. O ímpeto instintivo e animalesco de sobrevivência fornece-lhe forças outrora desconhecidas. Embora em vão. Tudo se mantém estático. Somente marcas de sobrevivência surgem rasgadas na carne. E ele desiste. Sem alternativa nem força.

Apenas entregue e abandonado àquela miserável condição...

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